11 de mai. de 2021

Fatores que levaram à Proclamação da República em 1889

 

Durante a maior parte do século XIX, o Brasil foi uma Monarquia governada por imperadores, inicialmente por Dom Pedro I e depois por seu filho Dom Pedro II, que governou o país por quase 50 anos.

Ideias republicadas já vinham sendo discutidas no Brasil desde o século XVIII. Movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), A Conjuração Baiana (1798), a Confederação do Equador (1824) e a Guerra dos Farrapos (1835) propunham soluções republicanas. O fracasso dessas rebeliões, contudo, contribuiu para fortalecer a monarquia, primeiro sob o regime colonial, mais tarde, sob o império.

A situação começou a mudar a partir da década de 1870, quando diversos fatores políticos, econômicos e sociais se combinaram para abalar a estrutura na qual se apoiava o governo de dom Pedro II e o próprio império.

 

Fatores que geraram a crise na monarquia foram:

 

a) Economia

O processo de industrialização e o avanço do capitalismo na Europa exigiam cada vez mais mercados consumidores e trabalhadores livres, ou seja, não escravizada. Isso era fundamental para que os produtos industrializados fossem consumidos, inclusive pela própria mão de obra, mas também para existir o trabalho assalariado e que os trabalhadores fossem treinados para exercer funções determinadas e específicas na indústria ou nos campos. Ao longo do século XIX, o Brasil recebeu grandes investimentos e empréstimos estrangeiros, provenientes sobretudo da Inglaterra. Esses capitais foram investidos em infraestrutura urbana e construção de ferrovias. Todavia, o sistema capitalista inglês via na escravidão e na monarquia absoluta motivos que atrapalhavam o desenvolvimento. O Brasil sentiu a crise externa, fruto das transformações mundiais; e sua escassa industrialização dificultou a estabilização econômica. Outro fator de acentuação da crise foram as pesadas dívidas geradas em função da Guerra do Paraguai.

 

b) Escravidão

 A pressão contra o Brasil pelo fim da escravidão foi intensificada com a lei Bill Aberdeen, que autorizava os ingleses a aprisionar qualquer navio que traficasse escravos. Essa situação culminou na Lei Áurea, em 1888, que aboliu a escravidão. Assim, a elite agrária que lucravam com mão de obra escrava passaram a apoiar os republicanos, sendo chamados de republicanos de última hora.

 

c) Religião

Conforme a Constituição de 1824, o governo tinha o direito de intervir na nomeação de bispos e comprometia-se a pagar salário dos membros da Igreja (padroado). No entanto, as ordens do papa buscavam aumentar o poder da Igreja, em oposição ao crescimento das ideias liberais.

A crise intensificou-se entre o imperador Dom Pedro II e a Igreja Católica, por meio do Beneplácito Régio. O papa Pio IX ordenou que os maçons fossem expulsos da Igreja Católica, o que foi descumprido pelo Imperador. Dom Pedro II instituiu o Beneplácito Régio, em que nenhuma ordem papal teria valor sem autorização prévia do imperador.

Os bispos de Olinda e de Belém tentaram cumprir as determinações papais e foram punidos com a prisão. A grande massa da população, ligada à religiosidade tradicional, protestou contra as medidas imperiais, consideradas impiedosas. O imperador então retrocedeu, anulando a pena e anistiando os bispos, mas a alta hierarquia da Igreja se afastou do Estado imperial, reduzindo seu apoio ao regime monárquico.

 

d) Militarismo

Embora no campo econômico a Guerra do Paraguai tenha prejudicado a economia brasileira, no político os militares se fortaleceram por terem conquistado importantes vitórias. Passaram a exigir mais espaço político pressionando o governo de Dom Pedro II.

Os militares davam sinais de descontentamento. Os soldos estavam baixos e as promoções dos oficiais ocorriam mais por apadrinhamento do que por mérito. Como não podiam manifestar livremente suas opiniões políticas, entre 1883 e 1887 os militares demonstraram sua insatisfação através de atos de insubordinação e desobediência que, em seu conjunto.

 

 NO FIM

 No decorrer de 1889, Quintino Bocaiuva, chefe nacional do movimento republicano, procurou se aproximar dos militares em busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro, um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a apoiar a causa republicana.

Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro estabeleceram contatos com líderes civis de São Paulo, que apoiaram a ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para o dia 20 de novembro, ele foi antecipado porque, no dia 14, um major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.

Na manhã do dia 15, o próprio marechal Deodoro seguiu à frente de um batalhão em direção ao prédio do Ministério da Guerra, onde os ministros encontravam-se reunidos. Sem enfrentar nenhuma resistência, Deodoro depôs o gabinete e voltou para casa.

Os republicanos ficaram sem saber se o marechal havia derrubado a monarquia ou apenas o ministério. Para dirimir qualquer dúvida, o jornalista José do Patrocínio e outras lideranças dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e anunciaram o fim da monarquia no Brasil.

Ao ser informado dos acontecimentos, em seu palácio de Petrópolis, dom Pedro II ainda tentou organizar um novo ministério, mas acabou desistindo.

Na madrugada de 17 de novembro de 1889, embarcou com a família para Portugal. Dois anos mais tarde, morreu em Paris, vítima de pneumonia aguda, aos 66 anos.

 

A Proclamação da República foi um movimento do qual a população praticamente não participou. Nele estiveram envolvidos alguns militares, intelectuais e políticos. Um dos líderes republicanos, Aristides Lobo, chegou a afirmar que o povo assistiu a tudo bestializado, pensando que a movimentação das tropas conduzidas por Deodoro da Fonseca na manhã do dia 15 de novembro fosse simplesmente uma parada militar.

 

FONTE: Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo Seriacopi. -- 1. ed. -- São Paulo : Ática, 2016.

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