Durante
a maior parte do século XIX, o Brasil foi uma Monarquia governada por
imperadores, inicialmente por Dom Pedro I e depois por seu filho Dom Pedro II,
que governou o país por quase 50 anos.
Ideias
republicadas já vinham sendo discutidas no Brasil desde o século XVIII.
Movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), A Conjuração Baiana (1798), a
Confederação do Equador (1824) e a Guerra dos Farrapos (1835) propunham
soluções republicanas. O fracasso dessas rebeliões, contudo, contribuiu para
fortalecer a monarquia, primeiro sob o regime colonial, mais tarde, sob o
império.
A
situação começou a mudar a partir da década de 1870, quando diversos fatores
políticos, econômicos e sociais se combinaram para abalar a estrutura na qual
se apoiava o governo de dom Pedro II e o próprio império.
Fatores
que geraram a crise na monarquia foram:
a)
Economia
O
processo de industrialização e o avanço do capitalismo na Europa exigiam cada
vez mais mercados consumidores e trabalhadores livres, ou seja, não
escravizada. Isso era fundamental para que os produtos industrializados fossem
consumidos, inclusive pela própria mão de obra, mas também para existir o
trabalho assalariado e que os trabalhadores fossem treinados para exercer
funções determinadas e específicas na indústria ou nos campos. Ao longo do
século XIX, o Brasil recebeu grandes investimentos e empréstimos estrangeiros,
provenientes sobretudo da Inglaterra. Esses capitais foram investidos em
infraestrutura urbana e construção de ferrovias. Todavia, o sistema capitalista
inglês via na escravidão e na monarquia absoluta motivos que atrapalhavam o
desenvolvimento. O Brasil sentiu a crise externa, fruto das transformações
mundiais; e sua escassa industrialização dificultou a estabilização econômica.
Outro fator de acentuação da crise foram as pesadas dívidas geradas em função
da Guerra do Paraguai.
b)
Escravidão
A
pressão contra o Brasil pelo fim da escravidão foi intensificada com a lei Bill
Aberdeen, que autorizava os ingleses a aprisionar qualquer navio que traficasse
escravos. Essa situação culminou na Lei Áurea, em 1888, que aboliu a
escravidão. Assim, a elite agrária que lucravam com mão de obra escrava
passaram a apoiar os republicanos, sendo chamados de republicanos de última
hora.
c)
Religião
Conforme
a Constituição de 1824, o governo tinha o direito de intervir na nomeação de
bispos e comprometia-se a pagar salário dos membros da Igreja (padroado). No
entanto, as ordens do papa buscavam aumentar o poder da Igreja, em oposição ao
crescimento das ideias liberais.
A
crise intensificou-se entre o imperador Dom Pedro II e a Igreja Católica, por
meio do Beneplácito Régio. O papa Pio IX ordenou que os maçons fossem expulsos
da Igreja Católica, o que foi descumprido pelo Imperador. Dom Pedro II instituiu
o Beneplácito Régio, em que nenhuma ordem papal teria valor sem autorização
prévia do imperador.
Os
bispos de Olinda e de Belém tentaram cumprir as determinações papais e foram
punidos com a prisão. A grande massa da população, ligada à religiosidade tradicional,
protestou contra as medidas imperiais, consideradas impiedosas. O imperador
então retrocedeu, anulando a pena e anistiando os bispos, mas a alta hierarquia
da Igreja se afastou do Estado imperial, reduzindo seu apoio ao regime
monárquico.
d)
Militarismo
Embora
no campo econômico a Guerra do Paraguai tenha prejudicado a economia
brasileira, no político os militares se fortaleceram por terem conquistado
importantes vitórias. Passaram a exigir mais espaço político pressionando o
governo de Dom Pedro II.
Os
militares davam sinais de descontentamento. Os soldos estavam baixos e as
promoções dos oficiais ocorriam mais por apadrinhamento do que por mérito. Como
não podiam manifestar livremente suas opiniões políticas, entre 1883 e 1887 os
militares demonstraram sua insatisfação através de atos de insubordinação e
desobediência que, em seu conjunto.
NO
FIM
No
decorrer de 1889, Quintino Bocaiuva, chefe nacional do movimento republicano,
procurou se aproximar dos militares em busca de apoio na luta contra a
monarquia. No dia 11 de novembro, um grupo conseguiu convencer o marechal
Deodoro da Fonseca a apoiar a causa republicana.
Ao
mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro estabeleceram contatos
com líderes civis de São Paulo, que apoiaram a ideia de um golpe para proclamar
a República. Marcado para o dia 20 de novembro, ele foi antecipado porque, no
dia 14, um major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de
Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.
Na
manhã do dia 15, o próprio marechal Deodoro seguiu à frente de um batalhão em
direção ao prédio do Ministério da Guerra, onde os ministros encontravam-se
reunidos. Sem enfrentar nenhuma resistência, Deodoro depôs o gabinete e voltou
para casa.
Os
republicanos ficaram sem saber se o marechal havia derrubado a monarquia ou
apenas o ministério. Para dirimir qualquer dúvida, o jornalista José do
Patrocínio e outras lideranças dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de
Janeiro e anunciaram o fim da monarquia no Brasil.
Ao
ser informado dos acontecimentos, em seu palácio de Petrópolis, dom Pedro II
ainda tentou organizar um novo ministério, mas acabou desistindo.
Na
madrugada de 17 de novembro de 1889, embarcou com a família para Portugal. Dois
anos mais tarde, morreu em Paris, vítima de pneumonia aguda, aos 66 anos.
A
Proclamação da República foi um movimento do qual a população praticamente não
participou. Nele estiveram envolvidos alguns militares, intelectuais e
políticos. Um dos líderes republicanos, Aristides Lobo, chegou a afirmar que o
povo assistiu a tudo bestializado, pensando que a movimentação das tropas
conduzidas por Deodoro da Fonseca na manhã do dia 15 de novembro fosse
simplesmente uma parada militar.
FONTE:
Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
Seriacopi. -- 1. ed. -- São Paulo : Ática, 2016.
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